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18 maio, 2010

Ervas medicinais para o praticante de Yoga


Dr. José Ruguê

A doutrina na qual se apóia o uso de ervas medicinais dentro do conceito ayurvedico é a mesma dos alimentos, ou seja, para o Ayurveda a diferença entre ervas e alimentos é que as primeiras contêm a potência de atuar sobre o organismo de forma muito mais concentrada que o segundo. Mas, o importante é que seguimos rigorosamente o princípio hipocrático de que o alimento seja o nosso remédio.

Analisando os textos clássicos do Yoga nos capítulos ou versos referentes à alimentação, a ênfase é dada aos alimentos que possuem propriedades sattvicas, ou seja, de produzir harmonia na mente. Mas não só isso, também de aumentar Ojas, Prana e Tejas, as contrapartes psico-espirituais para as energias psico-físicas Kapha, Vata e Pitta, respectivamente. Sobre esse tema gostaria de dedicar um espaço em nosso próximo artigo, pela importância para a prática do Yoga e a saúde, segundo o Ayurveda.

Agora, vou expor orientações sobre o uso de algumas ervas medicinais que os praticantes de Yoga poderiam fazer periodicamente, de forma intermitente, para melhorar sua prática, tanto no sentido físico, quanto energético e espiritual. Elas têm importantes ações curativas, mas também são utilizadas como Rasayana ou rejuvenescedoras e, se utilizadas periodicamente, por exemplo, períodos de 3 meses por ano, para as pessoas saudáveis, não produzirá agravação de doshas. Escolhi ervas que não tenham uma ação mais equilibrada para as pessoas de todas as constituições. Tendo alguma dúvida em situação particular, consulte um profissional do Ayurveda, bem formado, que lhe orientará sobre os detalhes.

Para cada grupo de ervas, faço uma orientação sobre a melhor forma de utiliza-las.

Vamos, primeiramente, descrever algumas ervas que tenham um efeito de langhana (redução) ou de purificação. Elas estimulam a circulação de sangue porque atuam sobre Vyana Vayu , protegendo o coração, mas por atuar sobre esse sub-dosha de Vata ou Vayu, melhoram, também as articulações, o que é fundamental para aqueles que têm uma prática mais vigorosa de asanas. Do ponto de vista energético, também contribuem para desbloquear os nadis, como uma ferramenta para o Ndi shodana (a purificação dos canais sutis), tão importante para os Yogis, juntamente com os pranayamas, alimentação, asanas e todos os outros métodos.

Elas são:

1. Um grupo de resinas altamente desbloqueadoras dos canais, muito utilizadas para tratar artrite reumatóide e como tônicas gerais, principalmente para Vata e Kapha. Elas devem ser devidamente purificadas antes de utiliza-las. Esse processo é feito pelos fornecedores de ervas, antes de disponibilizá-las para uso:

a. Guggul (Comiphera mukul)

b. Shalaki (Boswellia)

c. Mirra

Fig. Guggul

2. Outras ervas muito importantes para o mesmo objetivo:

a. Nirgundi (Vitex negundu), cúrcuma, açafrão, ginesng siberiano, angélica (Angelica sinensis ou Dong Quai),

b. Kava Kava (Piper methysticum). Excelente erva para aumentar Ojas e Prana, ou seja, eficiente para os estados depressivos, porém tem o efeito colateral de produzir forte fotosensibilização (a pessoa apresenta manchas na pele quando exposta ao sol). Por esta razão ela só é vendida com receita médica.

c. Dashmool (as dez raízes). Extraordinário composto ayurvedico, preparado com 10 raízes que têm efeitos depurativos e tônicos. O composto máximo para o equilíbrio de Vata, tanto ingerido na forma de decocto, quanto aplicado em massagens com óleos medicados ou enemas.

Todas as ervas que compõem este grupo ou seja, melhoram a circulação, desobstruem os canais e melhoram as articulações, melhor toma-las, para o propósito aqui descrito, com água morna e um pouco de mel, acompanhado de temperos picantes-doces como cardamomo, noz moscada, gengibre ou aplicados como Abhyanga (massagem com óleo medicado com essas ervas). Os praticantes de Yoga devem incluir, em sua rotina de vida, receber abhyanga peridodicamente pelos múltiplos benefícios desse método sobre sua vida e sua prática.

O segundo grupo de ervas inclui aquelas que aumentam a energia física e a vitalidade. Este grupo de ervas, veremos na continuação.

Dr. José Ruguê

www.suddha.org/blog

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